quarta-feira, 27 de março de 2013

Repercussão na web


'Cine Fantasma' relembra e defende cinemas de rua

Ana Luiza Albuquerque | Cinema | 26/03/2013 19h08
Foto: Divulgação
Projeções buscando relembrar que existiam cinemas de rua em determinados locais, em outros tempos. Esta é a ideia do "Cine Fantasma", "uma série de videointervenções urbanas que ocupa espaços públicos ao ar livre, e acontece em locais que já abrigaram, um dia, salas de cinema", de acordo com o site oficial. As intervenções, que contaram com o patrocinio do Edital Coletividea, foram realizadas no Rio de Janeiro, nos dias 20 de fevereiro e 13 de março na Cinelândia, e nos dias 6 e 21 de março em Copacabana, como parte da programação da Mostra do Filme Livre.
SRZD entrou em contato com a idealizadora do projeto para entender melhor os objetivos da intervenção. O "Cine Fantasma" é parte da pesquisa acadêmica "Cartografias espaço-temporais: Cinema Vivo", que a artista Paola Barreto está realizando no Doutorado em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. "O objetivo do projeto é chamar a atenção para o desaparecimento das salas de bairro, e para o fenômeno cada vez mais comum e disseminado de as opções de lazer serem oferecidas em espaços fechados, como shoppings, por exemplo, em função da cultura da insegurança que domina as cidades hoje em dia", ela afirma.
A organizadora destaca, também, que "os cinemas de rua são importantes como traço característico de um espaço específico, e contribuem para a formação da identidade de um lugar, de uma comunidade, assim como o comércio de bairro, a vendinha, a quitanda e tantos outros lugares que parecem estar desaparecendo diante de um movimento global de uniformização das cidades". Segundo ela, as lojas de departamentos, os shoppings centers e outras redes de comércio não estão necessariamente ligados à comunidade, mas à expansão de interesses econômicos que muitas vezes atropelam memória, afetividade e patrimônio histórico. No caso dos cinemas, haveria uma dimensão a mais, pois eles se configurariam, também, como espaços de sonho e de construção do inconsciente coletivo.
"Não esperávamos que o projeto atingisse a repercussão que teve em tão pouco tempo", afirma Paola. A artista pretende realizar novas intervenções em Fortaleza e em São Paulo no mês de abril, e no segundo semestre no bairro carioca da Tijuca. "Enquanto existirem salas sendo extintas e pessoas lembrando, a célula fantasma mantém-se viva", conclui a responsável pelo "Cine Fantasma".

Nenhum comentário:

Postar um comentário