sábado, 9 de março de 2013

Um centímetro que vale por um quilômetro

Ivo Raposo trabalhou como projecionista dos 12 aos 18 anos na Igreja Santo Afonso, na Tijuca. Morador do bairro, fascinado por cinema, viveu seus dias de Cinema Paradiso durante essa época, trabalhando por hobbie e cortando fotogramas quando o padre censurava algo.
Mais tarde veio a faculdade de Direito, o trabalho como comissário de polícia em Copacabana, e foi nesse bairro que, também como morador, pode transformar o cinema numa válvula de escape para a dureza da vida da delegacia.

Apaixonado e ávido por filmes, Ivo assistiu a ascensão e o declínio dos cinemas de rua. E foi nessa última leva que, quando o Metro Tijuca encerrou suas atividades nos anos 70, teve a ideia de pedir para si o arquivo que existia e incluía alguns filmes antigos e clips e trailers da MGM, e que imaginou correr risco de se perder. Ivo estava certo. O curador do Metro Tijuca tentara vender a massa falida para um ferro-velho, mas não conseguiu, e então cedeu aos pedidos de Ivo.

De posse de alguns filmes, algumas cadeiras e carpete do Metro, rumou com tudo isso para a casa do pai, em Conservatória, onde se dedicou à restauração do material.

Então, teve a grande ideia: criar um pequeno cineminha em homenagem ao original, onde pudesse exibir filmes para familiares e amigos. Foi assim que nasceu o CentiMetro.

Inicialmente particular, a réplica miniatura fez tanto sucesso que acabou sendo incorporado ao guia turístico da cidade. O serviço hoteleiro tem parcerias com o cinema que exibe sessões demonstrativas para os hóspedes. Também levando em conta o caráter turístico artístico da cidade, o CentiMetro foi incorporado ao evento CineMúsica, que acontece todos os anos.
O CentiMetro tem 60 lugares e só exibe filmes em película, outra matéria em extinção. E temos certeza que abriga fantasmas gratos por terem onde matar as saudades.

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